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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Fiscalização é inexistente em casas de shows e boates de Feira

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Feira de Santana está a reboque do próprio crescimento. Seja em qualquer segmento empresarial, a cidade cresce a passos largos, tanto que até para o Poder Público, que tem como dever o caráter fiscalizador, fica difícil de acompanhar este ritmo. 
A tragédia na boate Kiss, na cidade de Santa Maria no Rio Grande do Sul, que deixou 235 mortos na madrugada do último domingo (27), abriu os olhos do poder público para uma problemática que não é tão recente: o nível de segurança nas casas de shows e boates que existem no Brasil.
 
Em Feira de Santana, nem Defesa Civil, nem Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e Corpo de Bombeiros tem a dimensão de como funcionam esses estabelecimentos na cidade, sequer sabem precisar a quantidade. O alvará de funcionamento, expedido pelo Departamento de Uso e Ocupação do Solo, da Sedur, é válido por um ano, mas não existe controle para saber quem funciona dentro da validade estipulada ou quem ainda não solicitou uma nova inspeção para renovar a licença.
 
Segundo o secretário de Desenvolvimento Urbano, José Pinheiro, para obtenção do alvará e a permissão para a exploração do local, o “habite-se”, são necessários projetos como o da construção do estabelecimento, prevenção contra incêndio e pânico e instalações elétricas. “Só expedimos o habite-se quando o projeto for aprovado. Recentemente não permitimos a abertura de uma boate no centro da cidade por falhas no projeto. Só tinha uma entrada e uma saída”, disse o gestor.
 
De acordo com Pinheiro, o número de saídas em determinados estabelecimentos depende da quantidade de pessoas que o ambiente comporta. As saídas, como explica o titular da pasta, devem permitir o local seja evacuado em no máximo cinco minutos. “Uma fumaça tóxica pode matar o ser humano entre 3 a 5 minutos”, alertou.
 
O coordenador da Defesa Civil em Feira de Santana, o coronel Jorge Prudente, revelou que órgão participou de uma vistoria em 2012, mas não possui dados arquivados. “Vamos realizar novamente este ano e deixar tudo gravado, mas com certeza o escritório de fiscalização integrada irá se reunir em virtude da Micareta e vamos fazer um levantamento detalhado de todas as casas”, garantiu.
 
Prudente adverte que a Defesa Civil poderá solicitar a todos os estabelecimentos os projetos necessários e obrigatórios para o funcionamento. “Devemos fazer isso, mas a Defesa Civil, com a troca de governo, está sendo reestruturada, mas é competência do município fiscalizar e controlar todo espaço público”, observou o chefe da Defesa Civil.
 
BOMBEIROS QUEREM PODER DE POLÍCIA - O capitão do 2º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM), Anderson Moreira, alerta para o fato de o estado da Bahia não ter um instrumento legal, ou seja, uma legislação contra incêndio. “Na pratica, o bombeiro na Bahia não tem o poder de polícia administrativa de interditar e fechar uma empresa que não tenha o mínimo de equipamento contra incêndio. Fazemos as vistorias, constatamos a irregularidade, mas não podemos interditar”, disse.
 
O cap. Moreira alertou que os estabelecimentos em Feira de Santana funcionam sem o atestado do Corpo de Bombeiros. “Eu não posso atestar se tal edificação está segura contra incêndio, por que não passou pelo setor de vistoria do 2º GBM de Feira de Santana um projeto contra incêndio, dimensionando a quantidade de extintores e se a classe é compatível com a realidade. Na prática um estabelecimento que não tem o Atestado de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) não pode garantir a segurança”, concluiu.
 
Feira de Santana possui como legislação a lei nº 1085/88, que estabelece ser competência da Prefeitura Municipal aprovar os projetos de proteção contra incêndio, acompanhar a execução das instalações pertinentes, e expedir certificado da aprovação, assim como inspecionar as edificações e respectivo uso, no que se refere às condições de proteção contra incêndio.
 
(Por Hamurabi Dias)
 

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